Você sabia que a nanotecnologia pode ser nossa aliada na proteção contra os raios ultravioletas?
Data: 10 de julho de 2020
Autores: Davi de Pontes Sousa, José Victor Ferreira da Silva, Pedro Fernando Almeida Lima Iack, Ana Paula Bernardo dos Santos, Lívia Tenório Cerqueira Crespo.
Ilustrador: Caio Marlon da Silva de Almeida.
A exposição ao sol proporciona benefícios à saúde, como a produção de vitamina D, que fortalece nossos ossos e auxilia no combate às doenças autoimunes. Contudo, a exposição a luz solar em excesso é capaz de provocar efeitos que prejudicam nossa pele e nosso organismo, propiciando o surgimento de doenças e/ou danos como hiperpigmentação, erupções cutâneas, envelhecimento precoce, eritemas e até câncer. Segundo dados do INCA, de todos os registros de câncer em homens, o câncer de pele representa 27,1% dos casos e nas mulheres 29,5%.
Figura 1: Incidência de casos de câncer no Brasil em 2020
Fonte: Adaptado de SCHILITHZ et al, 2019.
Para nos proteger do sol e evitar que seus raios ultravioleta (UV) queimem nossa pele enquanto desfrutamos um belo dia na praia, é comum utilizarmos o protetor solar. É recomendado porém, que façamos uso no dia a dia, como para ir até a faculdade, fazer compras na feira, etc, mesmo nas estações do ano onde não haja grande incidência solar. Mas em algum momento você já se perguntou como ele funciona ou qual a sua composição?
Atualmente existem dois tipos de filtros fotoprotetores: os filtros químicos e os filtros físicos. Nos filtros químicos as moléculas orgânicas do fotoprotetor absorvem os raios UV fazendo com que a pele receba uma quantidade menor desta radiação. Já os filtros físicos formam um filme opaco sobre a pele, impedindo o acesso dos raios UV às camadas mais internas da pele (epiderme, derme e hipoderme), nos protegendo da ação agressiva desses raios.
Figura 2: Ilustração das camadas da pele com e sem protetor.
Os fotoprotetores físicos são os mais comuns e sua formulação é composta por partículas de óxido de zinco (ZnO) e dióxido de titânio (TiO2), que agem como microespelhos e refletem os raios antes mesmo de atingirem a pele. Contudo, eles possuem a desvantagem de deixar a pele esbranquiçada e com sensação pegajosa. Graças a nanotecnologia, foi possível melhorar tais efeitos, com melhoria da cobertura e eficácia destes protetores. A redução do tamanho das partículas, que agora se encontram na escala de 100 nm, deixa o produto transparente na pele e permite uma distribuição mais uniforme, garantindo que os raios UV não atinjam a pele.
Figura 3: Representação esquemática da ação do protetor solar com nanopartículas vs tradicional.
Os avanços em nanotecnologia envolvendo a proteção contra os raios UV também incluem o setor têxtil. Este tipo de roupa, que tem seu efeito preservado mesmo após as lavagens, geralmente é feita de poliéster e elastano, e possui nanopartículas de dióxido de titânio que são inseridas em sua fibra durante a fabricação do tecido. Assim como no protetor solar físico, as nanopartículas refletem os feixes de radiação UV vindos do sol. Estas roupas fotoprotetoras também diminuem a sensação térmica do corpo em até 65%, reduzindo consequentemente a transpiração corporal.
Figura 4: Representação de um tecido sem e com proteção UV.
E se um tecido fosse capaz de nos proteger também dos microorganismos? Graças a nanotecnologia isso já é possível! Saiba mais na nossa próxima nanocuriosidade. Fiquem atentos às próximas postagens em nossas redes sociais!
Fontes:
BAILLO, V. P; LIMA, A. C. Nanotecnologia aplicada a fotoproteção. Revista brasileira de farmácia, [S. L], nº 93, ed 3, 271- 278, 2012.
ELIPECHUK, N; RONSONI, L. Z. Aplicação de nanotecnologia em formulações fotoprotetoras. Revista acadêmica Oswaldo Cruz (versão online), [S. L], 2º ed, 2014.
FARIAS, D. G; GOETZ, F; ALVES, G. S; FEKSA, L. R. Nanotecnologia aplicada aos cosméticos de fotoproteção. CINA- Congresso Internacional de Nanotecnologia, [S. L], 1- 2, 2016.
FLOR, J.; DAVOLOS, M. R.; CORREA, M. Protetores solares. Quím. Nova, São Paulo , v. 30, n. 1, p. 153-158, Feb. 2007.
SCHILITHZ, A. O. C; LIMA, F. C. S; OLIVEIRA, J. F. P; SANTOS, M. O; REBELO, M. S. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Rio de Janeiro, 2019.
Filtro solar. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/nanotecnologia/filtro-solar>. Acesso em: 02/06/2020.
O uso de nanopartículas em protetores solares. Disponível em: <http://www.each.usp.br/nanoeach/?p=1755>. Acesso em: 02/06/2020.
O que tem nos ingredientes do meu protetor solar?. Disponível em: <https://lookaholic.wordpress.com/2012/09/26/o-que-tem-nos-ingredientes-do-meu-protetor-solar/>. Acesso em: 02/06/2020.